O delegado Juliano Ferreira conversou por telefone com ZH na tarde de ontem, sobre os recentes ataques a bancos com explosivos no Estado:
Zero Hora – A previsão da Polícia Civil se concretizou. Depois do ataque à agência de Tapes, na sexta-feira, os bandidos voltaram a agir. O que poderia ter sido feito para impedi-los em Feliz?
Juliano Ferreira – Não tinha previsão, nós não sabíamos que ia ocorrer. Nós estávamos em alerta porque, ao se aproximar o fim do ano, os crimes patrimoniais tendem a aumentar. Com o assalto a banco não é diferente. Não se descartava essa possibilidade, mas o dia e onde poderia ocorrer, só quando tivermos uma bola de cristal.
ZH – Os criminosos de Feliz podem ser os mesmos que agiram em Tapes?
Juliano – Eu tenho convicção de que sim. A gente trabalha com alguns nomes, mas ainda é cedo para apontar.
ZH – Essas quadrilhas agem, são presas e depois voltam. Como se rearticulam?
Juliano – O crime é tendência. Nós estamos em uma tendência, em nível nacional, de assalto a banco durante a madrugada com uso de explosivos. Santa Catarina, por exemplo, está sofrendo barbaramente com isso. No Rio Grande do Sul, desde o ano passado está tendo. Já se prendeu muita gente, parou um pouco, e agora voltou.
ZH – Esses ataques podem ter a ver com criminosos catarinenses?
Juliano – Sou meio cético quanto a isso. Até prova em contrário, eu acredito que é uma quadrilha de gaúchos.
ZH – Eles erraram na quantidade de explosivos. O que pode significar isso?
Juliano – Eles vêm errando. De todos os ataques recentes, esse foi o pior. Foi uma estupidez, eles acabaram com a agência bancária. Eles não sabem manipular o explosivo. Estão testando, tentando, repetindo.
ZH– O que a polícia pretende fazer para pegar essa quadrilha?
Juliano – Estou trabalhando diuturnamente. Desde sexta-feira, eu dormi duas horas por dia. Toda a equipe está grudada no caso para dar fim a isso o mais rápido possível.
Fonte: Zero Hora