As famílias mais ricas do Brasil (e por que está na hora de elas abrirem os cofres)
André Forastieri,em seu blog no R7
As cinco mil famílias mais ricas do Brasil possuem um patrimônio equivalente a 40% do PIB do país. Em números de 2010, equivale a R$ 1,65 TRILHÕES de reais. É uma média de R$ 294 milhões por família.
O estudo foi realizado em 2004 pelo economista Márcio Pochmann, atual presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), e atualizado este ano.
É a base para um novo projeto de taxar grandes fortunas. A proposta é a da deputada Jandira Feghali, do PC do B do Rio de Janeiro. Foi encampada como bandeira pela CUT, que já a apresentou à Dilma Rousseff.
O texto prevê a criação de nove faixas de riqueza em que os contribuintes ficariam obrigados a pagar esta contribuição. Só paga quem tiver patrimônio acima de R$ 4 milhões.
Começa pagando anualmente 0,4% sobre o patrimônio, vai subindo até 2,1% para fortunas de R$ 150 milhões ou mais. Tem muita gente com tanta grana?
Em 2008, eram 997 contribuintes do Imposto de Renda com patrimônio superior a R$ 100 milhões.
Considerando-se que quanto mais dinheiro, mais fácil escondê-lo, fica transparente que muita gente tem dinheiro de sobra no Brasil.
E na velocidade em que estamos criando milionários, a cada dia o bolo aumenta. Está na hora de dividir.
A questão é: vai tirar esse dinheiro dos ricaços para fazer o quê? Para o governo distribuir para outros ricaços, amigos dos amigos? É aí que está o coração do projeto da deputada.
Por que não seria um novo imposto – que vai para o cofre geral do governo – e sim uma contribuição, que tem destino específico. A ideia é que toda a grana arrecadada vá, integralmente, para a Saúde, para o SUS.
Segundo Jandira, a expectativa de arrecadação anual é de quase R$ 14 bilhões.
É muitíssimo mais justo que a CPMF, que para bancar a saúde tirava dinheiro igualmente de bilionários e proletários. Quem tem muito que ajude quem tem pouco. Para mim ainda é pouco.
Porque segundo a Organização Mundial da Saúde, o gasto público do Brasil com saúde é de US$ 385 por ano; a média do mundo é US$ 524 por ano (dados de 2008).
Diferença grande – está explicada a desgraceira na nossa saúde? Está. Um estudo da Dieese conclui que para o Brasil chegar à média mundial (que já não é aquela beleza), teríamos que investir quase R$ 50 bilhões A MAIS por ano.
Isso que dá ter população grande. Uma família que tem R$ 294 milhões de patrimônio pode abrir mão de bem mais que 2,1% disso ao ano. Não é pedir muito – aliás, não é pedir; nos cabe é exigir.