Em audiência pública realizada nesta quarta-feira (4), a Comissão de Direitos Humanos do Senado promoveu debate sobre a regulamentação do trabalho terceirizado no Brasil.
A reunião contou com oito representantes dos trabalhadores, entre eles, o presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Renato Henry Sant%%anna; o assessor parlamentar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz; e o presidente da Confederação Nacional do Vigilantes, José Boaventura Santos. Também debateram o presidente da Federação Interestadual dos Vigilantes, Empregados em Empresas de Segurança, Vicente Lourenço de Oliveira; o presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores no Distrito Federal (NSCT), Vera Lêda Ferreira de Morais; o representante da CUT Nacional, Miguel Pereira; o membro da executiva da (CSP-Conlutas), Luiz Carlos Prates e o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT). O meio empresarial foi representado pela consultora da Federação Nacional das Empresas de Segurança (Fenavist), Celita Oliveira Sousa; o chefe da assessoria jurídica da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Cristiano Zaranza e o ex-presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços e Limpeza Ambiental, deputado Laércio Oliveira (PR-SE). Precarização Rotatividade Ele apontou também sobre a alta rotatividade no setor tercceirizado, os empregados ficam menos tempo no posto de trabalho. Pereira evidenciou ainda, que há maior contratação de mulheres, imigrantes, negros e jovens, por serem os menos favorecidos social e economicamente. Anamatra Segundo Renato Henry, a melhoria da condição social é um direito previsto na Constituição Federal, e no seu entendimento, a regulamentação da terceirização fere a Carta Magna. Ao final de sua explanação conclamou a todos para uma reflexão “que emprego você quer para o seu filho? Terceirizado?” Diap Ele ressaltou ainda, que o tema deve ser negociado com o Poder Executivo para não extrapolar para nenhum dos lados: governo, empresário e empregados. Acredita ainda, que se houver uma legislação que regulamente o setor terceirizado, fortalecerá as empresas sérias afugentando as empresas ruins. Qualificação Boaventura citou a Lei 11.101/2005, que regula a recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, pois as empresas se valem dela para não pagar os direitos e obrigações dos empregados. Calote Lourenço discorreu ainda, que não basta regulamentar a terceirização é necessário conscientização por parte do empresariado. Direitos trabalhistas Caso o valor do FGTS do empregado seja alto, sofre assédio moral para se manter no posto de trabalho. Ele destacou que há uma nova modalidade no mercado, o trabalhador paga para ser admitido. Se não pagar na hora da admissão, paga no decorrer do período que estiver trabalhando, descontando de seu salário. Ao citar a Lei 8.666/93, que Regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, instituindo normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências, não prevê número suficiente de funcionários para os postos de trabalhos que são imensos, com isso os empregados chegam a exaustão. Empresários O deputado defende a terceirização plena, já que esse setor está trabalhando a todo vapor dependendo apenas de uma legislação que o regularize. Consenso O senador Paulo Paim (PT-RS) questionou se isto está previsto no contrato? Celita respondeu que o repasse deveria ser automático, pois a empresa não deveria arcar com essa responsabilidade sozinha. Para exemplificar o senador relatou, nesse caso, as empresas poderiam acordar qualquer valor, haja vista que não seriam elas a pagarem essa conta. Ainda assim a consultora deixa claro que o setor empresarial é prejudicado pela irresponsabilidade dos órgãos públicos. Relação de trabalho Ele relatou que a impessoalidade é necessária em alguns casos, citou como exemplo a utilização de endereço eletrônico, acredita que o empregado deve utilizar o da contratada, o maquinário deve ser utilizados por todos, porém só os empregados efetivos devem utilizar o endereço eletrônico da tomadora. Trouxe a Convenção 155 da OIT, que trata da saúde e segurança dos trabalhadores, para enriquecer o debate, mas acredita que a utilização das convenções da OIT deveria servir para todos os casos com relação aos trabalhadores. Portanto, só se utilizada para benefício do trabalhador. Discorreu sobre o trabalho exaustivo, por não existir uma lei que limite a quantidade de horas trabalhadas, e relata que não há como definir quantas horas de trabalho o empregado deve ter para chegar a exaustão, pois há também a dependência da atividade que o trabalhador ocupa. O senador Paulo Paim (PT-RS), encerrou o debate estarrecido com os dados alarmantes apresentados e deixou claro que novas audiências serão marcadas para discutir o tema, na Comissão de Assuntos Sociais e na Subcomissão Permanente em Defesa do Emprego e da Previdência Social. Destaques no debate Responsabilidade subsidiária versus solidária Paridade entre empregados e terceirizados Valorização do trabalho e trabalhador (qualificação e especialização) Atividades-meio e fim Meio ambiente de trabalho adequado (acidente de trabalho) Precarização das relações de trabalho e enfraquecimento da organização sindical Ampliação do debate para o setor público A consultora da Fenavist, Celita Oliveira, destacou ainda, que o setor público como tomador do serviço, atrasa o pagamento das faturas, levando as empresas contratadas a não cumprirem o pagamento dos direitos e obrigações de seus empregados. Projetos de Lei A proposição já foi analisada e teve parecer favorável nas Comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio e na de Trabalho, de Administração e Serviço Público, em que os relatores foram os deputados Reinaldo Betão (PR-RJ) e Silvio Costa (PTB-PE), respectivamente. Foi criada a Comissão Especial para discutir o tema. O relator, deputado Roberto Santiago (PSD-SP), apresentou substitutivo que foi aprovado no Colegiado. A matéria aguarda apresentação do parecer para análise e votação na Comissão de Constituição e Justiça, o relator é o deputado Arthur Oliveira Maia (PMDB-PA) Está em andamento também, o PL 1.621/2007, do deputado Vicentinho (PT-SP). Aguarda parecer para análise e votação na Comissão Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio. Em seguida seguirá para as comissões de Trabalho, de Administração e Serviço Público, e de Constituição, Justiça e Cidadania. Como ocorreu nos debates realizados na Comissão Especial de Trabalho Terceirizado na Câmara dos Deputados, a Súmula 331 do TST que trata da Contratação de Prestação de Serviços – Legalidade – foi muito citada no debate, por ser a única legislação vigente. |
Fonte: Diap |
» Terceirização é objeto de novo debate na Comissão de Direitos Humanos
fev 17, 2015Sindvalores SindicatoNotícias
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