A greve dos bancários entrou na segunda semana, sem previsão para ser encerrada. Com mais de 70% das agências paralisadas na cidade – segundo estimativas do sindicato da categoria, atɠesta terça-feira – das poucas portas ainda abertas para pagamentos e até recebimentos, muitas são de agências lotéricas da cidade.
O setor ainda não contabilizou o quanto a greve dos bancários já provocou no aumento da demanda das lotéricas em Bauru, mas já se preocupa com o quanto esse volume vai implicar na ampliação do serviço e também de riscos quanto à segurança, tanto para clientes como para as empresas. “Cada lotérica, dentro de suas condições, vai procurar atender da melhor forma possível, dando suporte à população, apesar da greve (dos bancários)”, tranquiliza Sueli Falcão, delegada de Bauru e Marília do Sincoesp (Sindicato dos Comissários e Consignatários do Estado de São Paulo). Apenas correspondentes /O problema é que nenhuma lotérica oferece aos seus clientes as mesmas condições de segurança que um banco normalmente dispõe (porta giratória, guarda armada, etc). Primeiramente porque, apesar das transações que realizam, as lotéricas não são, legalmente, bancos, mas “correspondentes bancários”. As lotéricas, no caso, estão vinculadas à CEF (Caixa Econômica Federal), principalmente pela natureza principal de suas atividades: a aposta de jogos autorizados pelo banco estatal (Mega-Sena, Lotofácil, Lotomania e outros). Hábito / É justamente para fazer a “fezinha” de quando em quando que o cliente acaba acumulando os serviços de apostas e pagamentos, ainda mais em períodos de greve. “Já venho aqui e faço as duas coisas. Economiza o meu tempo”, argumenta a doméstica Helena Aparecida da Silva, 53 anos. “Não faz diferença esse negócio de segurança, não. Em todo lugar a gente corre perigo, né!”, defende. O raciocínio é semelhante ao do estagiário Guilherme Negreiros. “Pago água, luz, telefone… tudo. Banco para mim é só para fazer transferência. E on-line”, diz. Com ou sem greve, o bauruense parece já ter se acostumado a fazer das lotéricas uma ‘extensão’ do banco. “Há dias que chegamos a ter uma média de 300 pessoas aqui na lotérica”, afirmou um correspondente de uma unidade central da cidade, que não quis se identificar. O motivo? Segurança. As lotéricas, aliás, ficaram de fora da lista de instituições financeiras que deverão implantar dispositivos de segurança de acordo com projeto de lei enviado pelo Executivo à Câmara Municipal. Pagamentos têm teto e regras em lotéricas 25 Saques também são limitados nas agências Lotéricas não têm como investir em segurança, diz delegada Segundo salienta a dirigente, a “grande maioria” das lotéricas são empresas pequenas, com poucos funcionários e despesas permanentes, como os de aluguel, principalmente. “Nós trabalhamos com uma realidade bem diferente do que enxerga a população. Não somos como os bancos, que geram muito mais dinheiro do que a gente”, compara Falcão. A delegada frisa ainda que, da mesma forma que o dinheiro chega, também sai das lotéricas, principalmente nos saques feitos por correntistas do Banco do Brasil ou da CEF. “Foi um jeito, bem planejado de se evitar que as lotéricas não acumulem tanto dinheiro”. Atualmente, o Sincoesp cobra um repasse maior dos bancos estatais. Segundo apurou o BOM DIA, os agentes lotéricos recebem taxas bem menores que as da CEF. Enquanto uma lotérica recebe R$ 0,35, a CEF fica com quase R$ 2 de cada transação. Não bastasse argumentar que ganha pouco para fazer serviços bancários – o que, na verdade, se dispôs a fazer – as lotéricas ainda dizem enfrentar o aumento da concorrência. Em Bauru, por exemplo, há 25 casas lotéricas. Na região são 63. Algumas até recorrem a algum tipo de comércio paralelo – desde que não concorrentes aos jogos lotéricos promovidos pela CEF. |
Fonte: Rede Bom Dia |
» Greve amplia serviços e riscos para lotéricas
fev 23, 2015Sindvalores SindicatoNotícias
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