Na madrugada desta quarta-feira (30), centenas de trabalhadores organizados pelo Sindvalores – Sindicato dos Empregados de Transportes de Valores e Similares e pela CUT-DF fecharam as portas da empresa Confederal. Eles repudiaram a demissão de cinco trabalhadores da empresa. Com o dia claro, irritados, os diretores da Confederal chamaram a polícia para encerrar o movimento. A estratégia não deu certo. Ao contrário, a manifestação dos trabalhadores garantiu a reversão das demissões por justa causa.
Sob pressão da categoria, os diretores da Confederal chamaram os dirigentes da CUT-DF e do Sindlurb para negociar as demissões feitas no dia 19 de outubro. Além de garantir aos trabalhadores demitidos o pagamento da indenização trabalhista, ainda foi negociada a continuidade das reuniões para solucionar outros problemas correntes na empresa, como o excesso de horas-extras e o descumprimento do Acordo Coletivo de Trabalho. As reuniões começam na próxima semana.
“Com certeza este movimento foi extremamente positivo. Essas práticas não podem continuar”, avalia o presidente do Sindvalores, Carlos José das Neves. Segundo ele, os trabalhadores demitidos também ficaram satisfeitos com o resultado da manifestação. “Eles já não queriam mais ficar lá (na Confederal), eles queriam mesmo o pagamento da indenização”, afirma.
Os cinco trabalhadores demitidos assinarão novo aviso prévio e, no dia 5 de novembro, receberão o dinheiro da indenização trabalhista.
Empresa acusa, mas não tem provas
Apesar de o texto que justificava a demissão dos trabalhadores apresentar como pontos faltas, atraso e maus procedimentos operacionais por parte dos cinco trabalhadores, a empresa, sem qualquer tipo de prova, estava acusando os trabalhadores de serem os culpados pelo sumiço de dinheiro nos caixas eletrônicos do BRB, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
“O roubo deve ser dos empresários lá de dentro. Só pode! Porque vigilante, que trabalha junto, um vendo o que o outro está fazendo, e depois de 10 anos eu sou chamado de ladrão? Eu prestava serviço para a empresa e agora, de um dia para o outro, eu viro ladrão? Quem me explica isso?”, fala indignado João Luis Martins Mendonça, um dos cinco trabalhadores demitidos. Ele completaria em novembro 10 anos na Confederal como vigilante de transporte de valores na empresa, sem nenhum registro de advertência.
Eduardo Miranda Oliveira, chefe de equipe, também foi acusado de roubo e demitido. “Eu tenho 11 anos de empresa, nunca houve nenhuma reclamação. Infelizmente, outros colegas já foram sacrificados dessa forma, saíram como ladrão. Mas a empresa não tem como provar isso. Por isso nós estamos correndo atrás dos nossos direitos. Curiosamente, recentemente eu fiquei sabendo que um dos membros da tesouraria da Confederal estava desviando dinheiro, mas, como sempre, só sobra para o abastecedor, para o chefe de equipe e até para quem trabalha na cobertura. Isso é muito injusto”, relata.
“Já sumiram R$ 800 mil, ninguém sabe para onde está indo esse dinheiro, e está sobrando para o trabalhador”, afirma o presidente do Sindvalores, que confirma que a manobra da empresa é reincidente. “A gente quer que a Polícia Federal investigue o sumiço desse dinheiro, mas nem os bancos, nem as empresas se dispõem em fazer isso”, diz.
O senador Eunício Lopes de Oliveira (PMDB/CE), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, é sócio da Confederal. Em 2004, durante a prisão de uma quadrilha de 10 pessoas, a Polícia Federal apreendeu documentos que Eunício, à época ministro das Comunicações, mantinha na empresa. A esposa dele, Mônica Paes de Andrade, que também é sócia da Confederal, foi acusada de envolvimento com a quadrilha, que fraudou licitações, comprou parecer do TCU e teria participado da cartelização de serviços de segurança e limpeza para o governo federal.
Secretaria de Comunicação da CUT-DF