O modus operandi da quadrilha foi exposto na manhã desta terça-feira pela delegada Ana Cristina Feldner, que integra a operação Salomão, responsável por desmantelar o esquema. Segundo a delegada, a expectativa da quadrilha era de levar cerca de R$ 1 milhão em dinheiro, plano frustrado por uma mudança de última hora nos dispositivos de segurança do banco (a quadrilha só conseguiu levar R$ 90 mil, ainda não recuperados).

Cada executor do crime contava com apoios particulares e o principal mentor do esquema, do tipo “Novo Cangaço”, era José Jonas Silva Cruz, 37 anos, que se apresentava como assessor da Prefeitura de Santo Antônio do Leste e tinha livre acesso a batalhões e delegacias de polícia. Ele chegou a comparecer à agência após o roubo acompanhando o início das investigações e depois foi preso com um carro todo montado com peças roubadas.

José Jonas, cuja experiência com o arrombamento de caixas eletrônicos o levou à idéia do assalto a banco, delegou funções para a realização do crime. Ele atribuiu a Nei a tarefa de aliciar pessoas que não se conheciam para realizarem o assalto; ao fazendeiro Edson, da fazenda Água Boa (de 1,1 mil hectares), a responsabilidade de providenciar acampamentos e logística ao bando; e a Carlinhos a missão de tomar conta das armas, do dinheiro e do monitoramento do esconderijo dos bandidos.

Foragido, Carlinhos é dono de um bar localizado em posição estratégica, de onde conseguia monitorar a movimentação da polícia no encalço dos bandidos. Embora não considerado um dos mentores do crime, outro responsável pelo apoio, e que já está preso, era Rafael Barros Teixeira da Rosa, 25 anos, dono de um hotel onde os executores do crime ficaram hospedados.

Um dos principais foragidos foi identificado como Uanderson Rogério Constantino, 29. Segundo a polícia, ele participou do assalto à agência do Banco do Brasil em Tabaporã em 2009. A polícia conseguiu identificá-lo pelas imagens de circuito interno, na qual ele aparece empunhando um fuzil e andando de modo tão peculiar – devido a um problema na perna – que o marcou.

Outros foragidos, entre executores e apoiadores do crime, são Wellington Gonçalves Dias, 24, o “Poxoréu”; Diocrides Vieira de Pinho, 34, o “Kidão”; Diego da Silva Rocha, que usou identidade de Tiago da Cruz Silva e é conhecido como “Cuiabano”; e Marcos, o “Borracheiro”, do qual a polícia detém apenas um retrato-falado (ele teria participado do último assalto a banco ocorrido em Poxoréu). A polícia não revela os nomes dos demais foragidos para não atrapalhar as investigações, que prosseguem.

Presos

Dentre as sete prisões realizadas está a da investigadora de Polícia Civil Silvana Cristina da Silva Barbosa, 39 anos, casada com João Batista Vieira dos Santos, 25, um dos mais ativos no crime de arrombamento de caixas eletrônicos no Estado e que também foi
preso pela operação Salomão.

A polícia frisou o quanto a instituição lamenta a mancha causada pela prisão. “A única forma de valorizar o bom policial é prendendo o policial ruim”, afirmou o delegado Flávio Stringueta.

Também está presa Kawara Jasmine Marques Araújo, 22 anos, esposa do “Cuiabano” e em cuja casa a polícia também acabou encontrando sete quilos de entorpecentes. O último preso listado pela polícia é José Geraldo da Silva, 26, o “Dengo”. Ele confessou a participação no esquema.

A polícia teve de refazer todo o caminho dos bandidos até o acampamento na mata para conseguir capturá-los. Além das prisões feitas até agora, a polícia apreendeu os veículos utilizados pela quadrilha: um carro de passeio, uma camionete e uma motocicleta.

Por: Renê Dióz
Fonte: Olhar Direto