A frente da agência bancária ficou destruída. Por dentro, três caixas eletrônicos danificados, por explosões que se frustraram em seu objetivo de levar o dinheiro armazenado. Do lado de fora, um transformador da rede elétrica, um telefone público, vários carros estacionados, e diversas fachadas de casas atingidos por tiros de fuzis e espingardas. Nas residências próximas, moradores apavorados.

Ocara, localizada a 95,1 km de Fortaleza, amanheceu ontem exibindo rastros de momentos de pânico. Durante a madrugada, seis homens encapuzados renderam dois vigias de rua e tentaram assaltar o Banco do Brasil – de modo que relembra outros assaltos recentes no Interior.

Os homens chegaram à cidade por volta da meia-noite e, como primeira ação, fizeram reféns dois rapazes que realizavam a vigilância de uma rua próxima, conforme explica um deles. “Eles conheciam bem o trabalho da gente, porque sabiam onde a gente estava naquele momento. Pediram só para tirar o colete e a blusa e não sair de perto deles”.

Ele conta ainda que, na sequência, dois assaltantes ficaram de prontidão na praça, que se localiza nos arredores do banco, enquanto os outros quatro arrombavam a agência.

Um agricultor que mora vizinho ao banco, acompanhou todo o movimento, brechando por um buraco na porta de casa. “Foram seis explosões, eu ouvi daqui. Era eles tentando destruir os caixas para pegar o dinheiro. Um deles até falou ‘cara, como é que tu me traz pra um lugar que não tem nada?’ ”, relata.

O vigia acrescenta que, já no final da operação, trinta minutos depois, eles começaram a aterrorizar a cidade, espalhando tiros e medo. “Foi quando eles atingiram o transformador e muitas lâmpadas. Parte da rua ficou na escuridão”, disse.

Quase quarenta minutos depois, quatro viaturas da polícia militar, trazendo um efetivo de 16 homens, chegaram ao local. Uma rápida troca de tiros dispersou os assaltantes, que fugiram, levando os dois vigias como reféns. “O escuro facilitou a fuga”, lembra um dos vigias.

Carro incendiado

O sargento Martins Lima, comandante do destacamento de Ocara, que esteve à frente das operações de contenção ao assalto, declarou que os homens fugiram em um Santana prata em direção à localidade de Sereno, rumando a Croatá.

Os reféns foram deixados a 12 km depois de Ocara. Nada sofreram. O cabo Evandro Marinho, que estava de plantão no momento da ação, disse ainda que o carro da fuga foi abandonado e incendiado a 30 km de Ocara, na localidade de Arisco dos Marianos.

O delegado Milson Teixeira, titular da Delegacia Regional de Baturité, declarou que não há suspeitos e que cerca de 20 policiais estão empenhados na busca aos assaltantes, pelas redondezas de Ocara.

A superintendência do Banco do Brasil informou que os caixas estavam abastecidos, mas não revelou a quantia. Também não soube precisar quando a agência vai reabrir para atendimento ao público.

O quê

ENTENDA A NOTÍCIA
O assalto frustrado em Ocara se configura como a 20ª ação contra bancos só neste ano, no Ceará. Seis homens encapuzados e armados invadiram a cidade e dinamitaram três caixas da agência do Banco do Brasil.

SAIBA MAIS

Esta é a 20ª ação contra banco este ano no Ceará. Foram 15 no Interior e 5 na Capital e região metropolitana.

A última foi contra o BB de Aquiraz. Três homens tentavam abrir os caixas eletrônicos quando foram presos em flagrante. Depois, outras pessoas acusadas de integrar a quadrilha também foram detidas.

Os três policiais de plantão em Ocara foram informados da ação, aproximadamente, às 12h15min, mas só foram ao local por volta das 12h40min, com a chegada do reforço policial de Baturité.

Segundo os policiais, não houve perseguição aos assaltantes, na fuga, pela presença dos reféns.