No Brasil, no início do segundo semestre de cada ano, as principais entidades sindicais procuram organizar suas respectivas categorias para o lançamento de campanhas salariais, tendo em vista o reajuste dos salários, com base na inflação acumulada e ainda assegurar participação no ganhos de produtividade por meio de aumentos reais.
Agora não está sendo diferente, até por conta do momento excepcional que estamos vivendo, que é de crescimento da economia em todos os setores, o que gera uma grande expectativa junto aos trabalhadores diante das possibilidades de se conquistar direitos e novos benefícios.
Ocorre, porém, que setores patronais, do governo, e com a ajuda da mídia, procuram dar vazão a um discurso de que aumento salarial gera inflação e, por isso, o momento deve ser de cautela quanto à obtenção de um direito tão importante para a classe trabalhadora e para a própria economia, que dele necessita como condição fundamental para incentivar o consumo, e por extensão, o próprio desenvolvimento econômico e social.
Todos nós sabemos que não são os aumentos salariais os responsáveis pelo crescimento da inflação. Os que assim pensam são os mesmos que defendem o eterno arrocho dos salários, que os trabalhadores devem ser mal remunerados, para não ter que dividir com seus empregados os excelentes resultados em termos de produtividade e lucros.
A alegação de que aumento salarial eleva os preços, prejudica a economia, carece de base científica que comprove tais afirmações. Como afirmam órgãos importantes de pesquisas de preços, como o Dieese, o aumento da inflação está neste momento relacionado à elevação dos preços de produtos alimentícios, as chamada commodities, e aos preços administrados.
A tal demanda agregada (consumo das famílias, taxas de investimentos, e gastos governamentais) não é atualmente fator de descontrole capaz de provocar desequilíbrios. Ainda segundo o Dieese, quem determina o preço dos produtos é quem produz e vende, ou seja, os empresários, e não quem consome, os trabalhadores. Ademais, os ganhos de produtividade são muito superiores ao que é efetivamente repassado aos salários.
Aspectos importantes, como taxa de juro, câmbio sobrevalorizado, entre outros, nessas horas não são levados em consideração.
Portanto, a ideia de que aumento real de salário é inflacionário, não se sustenta. Mesmo porque, já no primeiro semestre, diversas categorias profissionais conquistaram aumento real de salário e nem por isso a inflação se manteve fora de controle. Há sinais claros que esta diminui gradativamente sem provocar o estouro da meta fixada pelo governo.
Fonte: Agência Sindical