O balanço das negociações dos reajustes salariais realizado pelo Departamento Intersindical de Assuntos Econômicos (Dieese) mostra que 95% das 704 unidades de negociação analisadas pela entidade conquistaram aumentos reais de salários na comparação com a evolução do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado.
Os melhores resultados foram obtidos pelas categorias que tiveram reajuste no primeiro semestre de 2012. Das 370 negociações analisadas, 97% tiveram aumento real nos vencimentos. O aumento real médio foi de 2,23%. De acordo com a entidade, 2012 foi o melhor ano para reajustes salariais entre os analisados desde o ano de 1996, quando começou a série histórica.
A pesquisa mostra que 63% dos reajustes analisados variaram de 1,01% a 3% acima do INPC-IBGE, enquanto 8% tiveram ganhos reais acima de 4%. Na pesquisa, os trabalhadores do setor industrial foram os que conseguiram as melhores negociações. Na análise, 97,5% tiveram reajuste acima da inflação. No comércio, esse número foi de 96%, enquanto no setor de serviços ficou em torno de 90%.
Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, afirma que os resultados revelam que o crescimento da economia por si só não garante os ganhos reais ou uma maior proporção de ganhos reais de salário. Ele lembra que o PIB de 2012 ficou em torno de apenas 1%, abaixo do esperado no início do ano. “Se isso fosse verdadeiro, 2010 teria bombado e 2012 fechado com um resultado pior do que o apresentado”, disse ele.
Oliveira afirma que os bons resultados – principalmente no primeiro semestre – podem ter alguma influência da expectativa que se tinha no início do ano, de um crescimento do PIB em torno de 4%. “Um dado relevante é o salário mínimo, que teve aumento de 14% no ano passado. Isso teve uma influência decisiva no primeiro semestre, principalmente quando ocorrem as negociações de categorias que tem maior influência do mínimo”. O coordenador afirma que a tendência para 2013 e para o ano que vem é que esse crescimento nos ganhos salariais se mantenha. “Temos uma boa projeção de crescimento para o PIB, uma taxa de inflação que deve ceder no segundo semestre e o mercado de trabalho deve ter melhor desempenho do que em 2012. Acredito em resultado pelo menos semelhante. Não acredito em recuo”. Ele afirma que outro dado que deve ser levado em contra é desoneração da folha salarial promovida pelo governo. “Foram atendidas as demandas empresariais e uma das argumentações era a de que isso geraria mais empregos formais. Não foi o que aconteceu no ano passado. Agora, os sindicatos vão colocar isso sobre a mesa”, disse.
João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, diz que uma das vantagens neste momento é não haver a pressão do desemprego para achatar os salários. “A tendência para este ano é a de manter os bons resultados obtidos em 2012 e em alguns casos buscar ganhos ainda mais significativos”, disse.
Fonte: Terra