Segundo empresas de segurança, 75% dos equipamentos instalados em imóveis são ineficazes
Para tentar garantir a segurança de moradores, alguns condomínios chegam a investir mais de R$ 30 mil com a instalação de circuitos internos de TV. Isto sem considerar o valor gasto com a manutenção desses equipamentos. De acordo com o Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Rio de Janeiro (Sindesp-RJ), cerca de 70% dos edifícios do estado, já contam com algum tipo de tecnologia de monitoramento. Só que segundo o sindicato, mais de 75% desse grupo dispõe de um sistema ineficaz. O problema seria gerado por dois fatores: a falta de preparo de algumas empresas piratas e a economia na hora da escolha dos equipamentos.
O presidente do Sindesp, Frederico Carlos Câmara, informou que em todo estado existem cerca de 50 empresas devidamente legalizadas e preparadas para executar o serviço, mas outras dezenas atuam de forma irresponsável, colocando em risco a segurança dos espaços.
“Para que o sistema faça o monitoramento correto, é preciso que seja realizado um estudo de todo espaço físico, considerando o tamanho da área, o fluxo de entrada e saída, e se as câmeras têm condições de captar as imagens durante dia e noite, entre outras coisas. Os técnicos de empresas legalizadas são profissionais capacitados para fazer esse estudo, o que não acontece com curiosos que decidem trabalhar na área”, explica.
Mais preocupantes são os casos em que além das câmeras, as empresas são responsáveis pelo monitoramento, ou seja, recebem as imagens captadas nos prédios em suas sedes através de tecnologias de internet, rádio ou wi-fi e ainda disponibilizam funcionários para observar o que acontece no espaço vigiado, 24 horas. Dessa forma, os empregados da prestadora do serviço passam a ter acesso a toda área comum do prédio e à rotina dos moradores.
“Nesses casos é ainda mais importante que a administração do condomínio tenha garantias de que se trata de uma empresa idônea. Deve verificar se tem CNPJ, certidões de recolhimento de tributos, alvará ativo e uma sede. Porque essas são as instituições que contratam técnicos devidamente registrados e que passaram por cursos de capacitação”, alerta.
Ainda segundo Frederico, nem sempre a culpa por um sistema inadequado é da empresa. Visando a menores custos, a administração opta por número menor de câmeras ou por equipamentos de baixa qualidade. O presidente do sindicato dá algumas dicas.
“Às vezes, o estudo mostra que o local precisa de vinte câmeras, mas o síndico adquire apenas dez, ou seja, a metade do que seria necessário para a área. Isso gera os chamados pontos cegos e se algo acontece nesses locais, não é captado. Já para garantir a qualidade do equipamento, é sempre bom pedir notas fiscais com a procedência do material, porque algumas empresas importam material de quinta categoria. Sem contar que as imagens precisam ser gravadas ou não terão função para investigações posteriores”, explica.
O sindicato lembra que uma câmera de qualidade custa em torno de R$ 1,5 mil sem gravação e entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil com a gravação. A entidade disponibiliza um telefone para que usuários tirem dúvidas e façam consultas sobre empresas: 2293-4354.
Todo investimento pode ser posto no lixo se a administração do condomínio não tomar os devidos cuidados. A mesma regra vale para donos de casas e estabelecimentos comerciais. De acordo com investigadores da 79ª DP (Jurujuba), dois casos recentes de crimes demonstram o desperdício de um equipamento mal instalado.
Um corpo foi deixado dentro de um carro, na esquina entre as avenidas Quintino Bocaiúva e Presidente Roosevelt, em São Francisco, há alguns meses, bem próximo à câmera de segurança de uma residência. Mesmo assim o equipamento não captou a ação dos bandidos. A polícia ressalta que em caso de ataque à residência da proprietária da câmera, o sistema também não funcionaria.
Caso parecido ocorreu num posto de gasolina de Jurujuba que possui câmeras e já foi assaltado diversas vezes. Em nenhuma delas as imagens foram prestativas para a polícia devido a pontos cegos e baixa resolução das imagens. Na área da 77ª DP (Icaraí), investigadores reconhecem que muitas vezes as câmeras não auxiliam.
Mas quando os equipamentos são instalados por profissionais de segurança qualificados, as imagens podem ajudar e muito as investigações. Caso assim ocorreu com gravações cedidas por prédios da Rua Ministro Octávio Kelly, em Icaraí, que permitiram à polícia estudar o modo de operação de dois motociclistas que assaltavam moradores pela manhã. Eles ainda não foram presos, mas rondas periódicas no local reduziram o número de ataques.
Fonte: O Fluminense – Niterói/RJ – CIDADES