A insegurança bancária foi o tema do pronunciamento feito nesta terça-feira (07), na Câmara, pelo deputado Assis Carvalho (PT/PI), que é bancário da Caixa Econômica Federal. O parlamentar lamentou o assassinato do gerente do Banco do Brasil de Miguel Alves (a cerca de 110 km de Teresina), Ademyston Rodrigues Alves, de 34 anos, durante assalto, na semana passada. Assis destacou, ainda, os dados relativos aos ataques a bancos nos últimos anos e comparou os lucros obtidos pela rede bancária com os investimentos em segurança.
Segundo a 4ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, realizada pela CNTV e pela Contraf-CUT, lançada no dia 24 de abril deste ano, foram realizados, no Brasil, 1.612 ataques a bancos em 2011 e 2.530 em 2012 – uma média 6,92 ocorrências por dia. Em 2012, foram 773 assaltos, inclusive com sequestro de bancá-rios e vigilantes, e 1.757 arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos.
Ainda de acordo com a pesquisa, em todo o Brasil, foram 23 mortes em 2010; 49 assassinatos em 2011; e 57 homicídios em 2012 – quando se registrou uma mé-dia de quase cinco vítimas fatais por mês. O aumento no número de mortes foi de 147,8%, comparando-se os anos de 2010 e 2012.
O levantamento compara ainda os lucros obtidos pela rede bancária com os investimentos em segurança. Os seis maiores bancos do país lucraram juntos 51,3 bilhões em 2012. Juntos, eles investiram em segurança e vigilância cerca de R$ 3,1 bilhões, isto é, somente 6,1% dos lucros obtidos.
“Está claro que os bancos precisam assumir maiores responsabilidades sobre a insegurança que atinge as agências e mata pessoas. Os banqueiros não podem colocar somente na conta da segurança pú-blica essa responsabilidade. As entidades de trabalhadores denunciam que muitos ataques ocorrem por causa das instala-ções vulneráveis dos estabelecimentos e decisão de direcionar clientes para utilizar correspondentes, onde não têm bancários nem vigilantes”, enfatizou o deputado.
Assis Carvalho destacou ainda que as entidades de trabalhadores bancários apontam a necessidade de construir um projeto de lei de estatuto de segurança privada, que se encontra em andamento no Ministério da Justiça, a fim de atualizar a lei federal nº 7.102/83.
“Temos uma legislação caduca e os bancos se valem disso para não investir em segurança de forma devida. Poucos são os bancos que cumprem o que estabelece a legislação e que já são considerados também um sistema obsoleto, como alarmes, porta giratória, mínimo de dois vigilantes e câmeras internas. Isso não basta. Tem sido comprovada a ineficiência do sistema que faz avançar a audácia dos criminosos”, concluiu.
Fonte: GP1