Os brasileiros tem até este domingo, dia 7 de setembro, para ajudar a declarar a independência ‘de fato’ do país em relação ao atual modelo político em que o capital financeiro escolhe os eleitos e impera a falta de transparência, para citar apenas dois problemas.
Serão apenas mais dois dias de votação do Plebiscito Popular pela Constituinte Exclusiva do Sistema Político, uma campanha que mais de 450 organizações dos movimentos sindical e social promovem para pressionar o Congresso Nacional pela convocação de um plebiscito oficial para discutir questões como o financiamento privado de campanhas, a representatividade no Parlamento e os mecanismos de democracia direta.
Há cerca de 40 mil urnas fixas e volantes disponíveis em todos os estados. Também é possível dizer “sim” à Constituinte pela internet por meio do site da campanha.
> Clique aqui para votar pela internet.
Desde o início do plebiscito, no último dia 1º, já foram mais de quatro milhões de acessos à página.
Diretor Executivo da CUT, Júlio Turra, destacou que esse é o momento de a sociedade atuar para transformar o modelo político ao qual direciona tantas críticas e também apontou o papel que a velha mídia exerce ao esconder o plebiscito.
“Temos uma grande votação pela internet, uma excelente trabalho de base desenvolvido por milhares de ativistas, jovens, manifestantes, sindicalistas de todo o Brasil que espalharam urnas em escolas, bancos, praças públicas e urnas volantes que chegam até por bicicletas que se movimentos em centros populares. É uma grande mobilização popular, mas só a grande mídia não vê”, avaliou.
Turra ressalta, porém, que se a mídia não vê, políticos, artistas, intelectuais e acadêmicos e candidatos enxergam muito bem. Muitos deles já declararam apoio ao plebiscito e divulgam nas redes sociais fotos que registram o voto.
No final da noite desta sexta (5), um grupo formado por nomes como os escritores Fernando Morais e Frei Betto, a socióloga Heloísa Fernandes, o teólogo Leonardo Boff e o líder do grupo Teatro Mágico, Fernando Anitelli, também divulgaram um manifesto em defesa do plebiscito.
Mais forte que a Alca
Para Ricardo Gebrim, da Coordenação Nacional da Campanha pelo Plebiscito, a perspectiva é que a votação ultrapasse 10 milhões de votos, número atingido pela consulta à população brasileira que rechaçou a instalação de uma Área de Livre Comércio das Américas (Alca), em 2002, conforme propunha o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Ele atribui esta expectativa ao número maior de urnas em áreas centrais das cidades, que têm conseguido coletar até quatro mil votos por dia, à possibilidade da participação pela internet e, principalmente, ao engajamento maior do movimento sindical.
“Os trabalhadores abraçaram a campanha, basta ver a quantidade de sindicatos que levaram as urnas para fábricas e outras unidades produtivas. A quantidades de comitês também é maior, especialmente os locais, aqueles localizados em bairros, associações de moradores, ocupações, igrejas. Hoje são mais de dois mil comitês. Todos os estados estão otimistas em ultrapassar a meta”, elencou.
Porém, avalia Gebrim, se por um lado os movimentos estão mais mobilizados em transformar a política, a velha mídia parece mais interessada em manter a situação exatamente como está.
“No plebiscito da Alca, havia mais espaço para debate porque era um tema onde não havia consenso. Eu lembro que fizemos um evento em São Paulo com a presença do então vice-presidente da Globo, Evandro Guimarães, que falou mal. A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) tinha contradição. Agora, não, tem um corte político mais definido, eles sabem bem de qual lado estão”.
Saída para ampliar direitos
Também nesta sexta-feira, uma das lideranças nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, deu uma entrevista pela internet para tratar do tema e disse que o plebiscito é um instrumento para a reforma política, única saída para ampliar os direitos dos trabalhadores do campo e da cidade.
“Faz 10 anos que a CUT apresentou na Câmara um projeto para a redução da jornada de trabalho de 44 horas e isso ainda não aconteceu. Na Europa, em que muitas das empresas são as mesmas daqui, a jornada é de 36 horas semanais”.
Isso se deve, lembrou, à representação no Congresso, onde a maioria (72,8%) é formada por empresários e ruralistas.
Contagem
A apuração dos votos nos estados deve acontecer até o dia 14 de setembro para ser enviada ao comitê nacional, que deve apresentar um resultado geral no dia 22, junto com um documento assinado pelas entidades que compõem a campanha, como é o caso da Central Única dos Trabalhadores.
Em São Paulo, a coleta dos votos depositados nas urnas espalhadas pela cidade está marcada para os próximos dias 8 e 9, na quadra do Sindicato dos Bancários (Rua Tabatinguera nº 192, ao lado da estação Sé do Metrô).
Fonte: Luiz Carvalho e Vanessa Ramos – CUT