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Polícia e empresa dizem que bandidos não roubaram nada em ação no ABC

Ataque à sede da Protege em Santo André teve tiroteio.
Um segurança ficou ferido; veículos foram queimados durante a fuga

A Secretaria de Segurança Pública e a empresa Protege afirmaram que não houve roubo de valores no ataque de homens armados contra a sede da transportadora de valores no Bairro Campestre, em Santo André, no ABC paulista, na madrugada desta quarta-feira (17). Houve tiroteio e explosões. Um segurança ficou ferido e o prédio foi danificado, mas nada foi levado, segundo a empresa. Os bandidos chegaram a levar malotes para roubar o dinheiro mas saíram com eles vazios, segundo a polícia.

A polícia afirmou ainda que mais de 20 criminosos participaram da ação. A polícia tenta identificar os bandidos. A suspeita do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) é que eles pertença a quatro quadrilhas que são investigadas de participar dos ataques recentes a bases de empresas de transportes de valores.

Foi o quarto grande ataque a uma sede de transportadora no estado neste ano. Na fuga, os bandidos deixaram um rastro de violência com assaltos a carros e incêndio de menos 11 veículos. Em nota, a Protege disse que “a atuação dos vigilantes e as barreiras do sistema de segurança impediram o roubo e maiores consequências. Houve registro de um colaborador ferido por estilhaços, que já recebeu atendimento e, felizmente, passa bem. A Protege aguarda a apuração dos fatos e, para isso, colabora com as autoridades policiais em sua investigação”.

Vizinhos à sede da empresa de transporte de valores Protege, em Santo André, relataram aoG1 os momentos de pânico que viveram na madrugada desta terça-feira durante a ação dos bandidos. Eles afirmam terem ouvido rajadas de tiros por mais de 40 minutos.

“Ouvimos tiros e deitamos no chão. A reação foi de pânico”, afirma a bancária Nayane Matias, que mora em frente à sede da Protege.

Ela conta que começou a ouvir disparos por volta das 3h20 e que, imediatamente, deitou no chão do quarto e preferiu não arriscar caminhar pelo apartamento. Segundo a bancária, os disparos continuaram até 4h05, e houve ainda o estouro de três bombas.

A fachada do prédio onde mora Nayane também foi atingido por balas e vidros ficaram estilhaçados. “Achei que o prédio fosse cair”, afirma.

O empresário Márcio Rocha da Silveira mora no Parque São Ramalho, a cerca de 2 km da Protege, e levou um susto no meio da madrugada. “Acordei ouvindo explosões e um tiroteio intenso”, relatou. “Primeiro achei que era trovão, mas logo vi que era tiroteio.”

Bandidos que atacaram a sede da empresa transportadora de valores Protege, em Santo André, no ABC Paulista, fizeram um buraco no muro que divide o prédio com um galpão de outra empresa durante a ação (veja no vídeo acima).

A explosão que provocou o buraco na parede pode ser ouvida por moradores do Bairro Campestre, onde fica a sede. O buraco dá acesso a uma escada que fica no galpão vizinho e poderia servir de rota de fuga para os vizinhos.

Vídeos mostram ação
Imagens de câmeras de segurança obtidas pelo Bom Dia São Paulo mostram um grupo de seguranças atirando durante a ação contra a sede da Protege (veja abaixo).

Nas redes sociais, moradores relataram longo tiroteio, explosões e alertaram para as pessoas que vivem na região não saírem de casa. Balas de fuzil teriam atingido imóveis que ficam perto da sede da empresa.

Um condomínio que fica ao lado da sede da Protege também foi atingido e ficou com marca de balas. “Achei que era balão ou fogos, foi um terror. Moro no sexto andar e não sabia de onde estavam atirando”, disse um morador.

Mapa mostra onde foram as ações do bandidos incendiando veículos e atacando a sede da Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)Mapa mostra onde foram as ações do bandidos incendiando veículos e atacando a sede da Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)

A Secretaria da Segurança Pública disse em nota que, “assim como em diversos casos semelhantes, as polícias civil e militar darão uma resposta à altura e tão rápida quanto possível para prender os assaltantes que transtornaram a vida dos cidadãos na madrugada de hoje, em Santo André”.

A SSP diz que a perícia criminal está sendo realizada nos locais, para levantar provas que possam fornecer caminhos paraprender a quadrilha.

11 veículos queimados
O ataque deixou ao menos 11 veículos incendiados. Na fuga, a quadrilha ateou fogo em caminhões e carros e colocou pregos na rua para evitar a aproximação dos policiais. Vários carros foram roubados, incendiados e houve confronto com a polícia.

Caminhão foi incendiado na ação dos bandidos no ataque à sede da Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)Caminhão incendiado no ataque à sede da Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)

Um feirante foi abordado pelos bandidos e teve de descer do caminhão, que em seguida foi incendiado. “Atiraram no caminhão e mandaram ele descer”, relata Lenice da Silva, mãe do feirante.

Na Rua Mário Pamplona, em São Caetano do Sul, foi abandonada uma picape pequena com cartuchos de emulsão explosivas. Na mesma cidade, na Avenida Goiás, um veículo não identificado foi incendiado. Também foram abandonados e incendiados carros na Rua Sumaré, Alameda São Caetano, Rua das Monções e Avenida dos Estados.

Em São Bernardo do Campo, um carro foi abandonado capotado após confronto com a polícia.

Em São Paulo, na Rua Costa Barros houve confronto com viaturas da Força Tática seguido de acidente de trânsito. Na Rua Ibitirama foi abandonada uma picape pequena e na Avenida Salim Farah Maluf foi abandonado outro veículo, ambos com explosivos e armas no interior.

Na Rua Guacuma foram abandonados dois veículos com cartuchos de fuzil, carregadores e rádios-comunicadores. Na Rua São Raimundo uma viatura da polícia foi atingida por dois disparos. No Viaduto Grande São Paulo, três veículos foram incendiados.

Policiais do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) levaram uma série de explosivos encontrados nas proximidades da sede da empresa para ser detonado em um terreno baldio entre as avenidas Guido Aliberti e dos Estados, em Santo André.

O viaduto Grande São Paulo, na Vila Prudente, ficou interditado por causa dos carros queimados no local. O bloqueio da via, que é um importante acesso ao ABC paulista, causa congestionamento na região.

Sede da Protege em Santo André foi atacada por bandidos na madrugada desta quarta-feira (Foto: Paulo Matias/VC no G1)Sede da Protege em Santo André foi atacada por bandidos na madrugada desta quarta-feira (Foto: Paulo Matias/VC no G1)
Carro da Protege foi atigido por tiroteio (Foto: Paulo Matias/VC no G1)Carro da Protege foi atigido por tiroteio (Foto: Paulo Matias/VC no G1)
Este carro ficou totalmente destruído no ataque à Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)Este carro ficou totalmente destruído no ataque à Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)
Polícia encontrou uma caixa cheia de pregos usada pelos bandidos na ação contra a Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)Polícia encontrou caixa de pregos usada pelos bandidos na ação em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)
Internautas flagraram carros incendiados nas proximidades da sede da Protege em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)Internautas flagraram carros incendiados nas proximidades da Protege (Foto: TV Globo/Reprodução)
Caminhão queimado na Avenida do Estado, em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)Caminhão queimado na Avenida do Estado, em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)
Veículos incendiados provocam congestionamento em Santo André na manhã desta quarta (Foto: TV Globo/Reprodução)Veículos incendiados provocam congestionamento em Santo André nesta manhã (Foto: TV Globo/Reprodução)
Policial do Gate leva material explosivo apreendido para ser detonado em um terreno baldio em Santo André (Foto: TV Globo/Reprodução)Policial do Gate leva explosivo apreendido para ser detonado em terreno baldio (Foto: TV Globo/Reprodução)

Como acontecem os ataques
Esta foi a quarta grande ação de bandidos contra prédios de empresas transportadoras de valores neste ano. Outros três assaltos aterrorizantes aconteceram em Campinas, Ribeirão Preto e Santos.

Nestes crimes, a quantidade de assaltantes (pelo menos 20), o horário dos roubos (às 4h) e a fuga (por rodovias) levam a Polícia Civil a suspeitar que os crimes estão sendo cometidos por uma mesma quadrilha – ligada à facção que age dentro e fora dos presídios paulistas.

Para dificultar a reação da Polícia Militar, assaltantes passaram a bloquear ruas com carros e espalharam pregos retorcidos nas vias. Isso foi feito nos três ataques realizados às empresas de transporte de valores. Dinamites roubadas de pedreiras serviram para explodir paredes das bases e chegar aos cofres.

Esquema de assalto a transportadoras de dinheiro (Foto: Editoria de Arte/G1)

Projeto de lei
Um projeto de lei publicado na quinta-feira (11), no Diário Oficial do Estado de São Paulo, quer proibir que empresas de segurança e transporte de valores se instalem dentro de perímetro urbano de cidades paulistas. A medida também fixa horários específicos para entrega e retirada de valores e outras providências menores.

Segundo a proposta, a proibição visa afastar de centros populosos tentativas violentas de roubo a empresas do ramo.

Para o diretor Sindicato dos Trabalhadores em Serviços de Carro-Forte de São Paulo (Sindforte), Lúcio Cláudio de Sousa Lima, o projeto é “um atestado de incompetência” do governo, que “acaba atingindo a economia, afeta o estabelecimento que precisa dos valores”.

“Nosso posicionamento em relação a esse projeto é contrário. O poder público está se eximindo da responsabilidade, que é oferecer segurança, tentando afastar o fornecimento e abastecimento dos estabelecimentos de valores”, afirmou Lima.

De acordo com o texto, a instalação dessas empresas deve ser feita apenas “em áreas rurais e locais onde não existam colônias agrícolas, condomínios rurais ou áreas com adensamento populacional”. Além disso, o projeto quer que o recolhimento ou o recebimento de valores só aconteça entre 22h e 7h. Para as empresas já instaladas em áreas urbanas haveria prazo de dois anos para mudança.

Ainda segundo o projeto, todas as operações de valores deverão ser efetuadas em área reservada, “com proteção individual do veículo e dos seus ocupantes”. Quem descumprir a medida terá de pagar multa de 5 mil Unidades Fiscais do Estado de São Paulo (UFESP’s), no valor de R$ 23,55, cada uma. A tarifa será dobrada em caso de reincidência.

Mapa empresas de valores (Foto: Editoria de Arte/G1)

 




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