A ordem é atacar. Espalhar fogo e medo. A reação do tráfico contra a ocupação policial dos morros no Rio de Janeiro teve na madrugada desta quarta-feira (24) o seu momento mais violento. Nem o anúncio de mais policiamento nas ruas intimidou os bandidos. Eles metralharam uma cabine policial, queimaram nove carros e três ônibus.
A primeira ação dos bandidos foi por volta das 22h, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio. Eles colocaram fogo em um carro que, de acordo com a polícia, havia sido roubado no mês passado. Pouco tempo depois, em Niterói, mais quatro carros foram queimados – três deles no mesmo bairro, Fonseca. Em um dos veículos os moradores conseguiram apagar o fogo e só uma parte da porta foi danificada.
Foi por volta da meia-noite desta quarta (24) que os bandidos fizeram uma das ações mais ousadas. Pelo menos, quatro homens pararam uma caminhonete no centro de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, e metralharam uma cabine da Polícia Militar. O policial que estava no local se jogou no chão. Os tiros perfuraram a blindagem da cabine.
Ainda na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias, o alvo foram ônibus do transporte público. De acordo com os moradores, os bandidos bloquearam uma rua e vieram a pé. Eram quatro ou cinco homens armados carregando galões de gasolina. Eles obrigaram o motorista do ônibus a parar, depois mandaram os passageiros descer e colocaram fogo no veículo. Outro ônibus que vinha logo atrás também foi parado e incendiado. Os dois veículos ficaram completamente destruídos. O fogo danificou também as casas e as lojas da rua.
Mais um ônibus ainda foi queimado na Presidente Dutra, principal ligação entre o Rio e São Paulo. De acordo com informações dos Bombeiros e da Polícia Militar, foram pelo menos nove carros e três ônibus queimados desde a noite de terça-feira (23). Desde que os ataques começaram no domingo (21), este momento de maior violência veio depois de um dia de intensa ação da policia.
Nas primeiras horas de terça-feira (23), policiais intensificaram o patrulhamento na cidade e fizeram operações em 17 favelas. Na Vila Cruzeiro, no subúrbio, uma das mais perigosas, houve reação dos traficantes.
“O crime não nos intimida. Os criminosos têm de compreender que a polícia está aqui para proteger a população e todos os esforços são para isso. Vamos continuar essas operações, não tem prazo para acabar”, afirmou o comandante-feral da Polícia Militar no Rio, Mário Sérgio Duarte.
Para aumentar o número de policias, 1,2 mil PMs que faziam serviços administrativos foram para as ruas. Folgas foram cortadas. Helicópteros e 140 novas motos ajudam a reforçar o patrulhamento. O governador Sérgio Cabral pediu ajuda, e o Ministério da Justiça prometeu deslocar policiais rodoviários para reforçar a segurança nas estradas federais que cortam a Região Metropolitana.
De acordo com a Secretaria de Segurança, a ordem para os ataques partiu de traficantes presos em Catanduvas, no Paraná. Ontem, a secretaria divulgou que mais oito presos serão transferidos do Rio para Porto Velho.
“Nós também não vamos desistir. Se essas ações continuarem, nós vamos com a força dobrada”, afirmou o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.
Fonte: Bom Dia Brasil