full screen background image

» Um vigilante que entende de futebol

A primeira pessoa que você encontra ao chegar ao canteiro de obras do complexo esportivo de Rio Doce é Válter Francisco do Monte, 41 anos. Ele é vigilante do local. Trabalha das 6h às 18h, diariamente. Entre os trabalhadores, é chamado pelo apelido: Xaxá. Ele faz questão de frisar que gosta de ser chamado assim. O motivo é especial. Foi como ele ficou conhecido na época áurea da sua vida. Um dia, Xaxá foi jogador de futebol.

Ele conta a história para todo mundo. Um dos engenheiros, ao passar pelo portão, brinca, ao vê-lo conversando com o Superesportes. “Ele é amigo de Marquinhos Paraná, viu!”. A essa altura, Xaxá já havia contado essa parte da história. “A gente jogou junto. Eu no CSA e ele no CRB. Acho que foi em 1994. Final do campeonato lá, fui campeão”, contou. O Marquinhos a que ele se refere é o volante mesmo, atual jogador do Sport.

Marquinhos não é o único colega famoso de Xaxá. Ele conta que já jogou com o atacante Catanha, que fez sucesso no futebol espanhol, e com Aílton, ex-Santa Cruz, que ficou conhecido por seus gols na Alemanha. “Aílton me ligou na semana passada. Ele tem uns negócios por aqui”, disse. As lembranças e histórias se confundem entre o real e o ideal. O que realmente aconteceu e o que Xaxá, um dia, desejou que acontecesse.

Xaxá lamenta não ter tido sorte no futebol. Uma lesão, no início da carreira, quando estava no interior de São Paulo, lhe tirou a grande chance. “Estava na Inter de Limeira. Vinha jogando bem, tinha um contrato fechado com o União São João. Era a minha grande chance, mas me machuquei. Rompi o ligamento do joelho”, lembra.

O jeito foi voltar para casa e tentar recomeçar, conta Xaxá, que ainda levou a carreira até 2004, quando pendurou as chuteiras. O último clube foi o Ferroviário de Serra Talhada. O atacante mudou de ofício e agradece por ter conseguido o emprego de vigilante, que hoje sustenta sua família. Os sonhos ainda envolvem o futebol. Ele planeja ser contratado pela prefeitura quando o estádio ficar pronto. Mas quer abrir outras portas. “Quem sabe, posso dar aulas de futebol para as crianças da comunidade”, imagina.

Fonte: Diário de Pernambuco



Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *